sábado, 18 de fevereiro de 2012

Torin 002

002

De repente Torin percebe que está sozinho.
Ele arregala os olhos e olha em volta. - Onde está Vento? - levanta limpando as lágrimas e a sujeira do nariz. - Vento desapareceu?.
Olha mais uma vez em volta, devagar, o pequeno coração acelerando.
- Ele me deixou ? – o garoto diz baixinho.
Torin começa a correr pela multidão gritando pelo nome do clérigo, perguntando às pessoas próximas se o viram. Nada. Algumas pessoas nem lhe dão atenção.
Ele corre até a praça central, sobe na fonte para poder enxergar melhor. Não há sinal de Vento.
A criança quer chorar, mas percebe que não vai adiantar e ele mesmo tem que achar Vento.
Ele abaixa a cabeça tentando lembrar para que lado fica o templo da ordem...
Olhando para uma rua que parece familiar, o garoto começa a correr, desviando das pessoas, dando esbarrões em pessoas, desviando de mercadorias, correndo. – lá eles vão me dizer onde Vento está – ele quer sorrir, mas tenta correr um pouco mais rápido.

Após alguns minutos e ruas erradas, ele chega a entrada do templo. Quando pára para tomar fôlego percebe como está cansado. Apóia as mãos nos joelhos e fica arfando. Respira fundo e caminha para a entrada. Logo que passa pela porta principal percebe tudo tão escuro dentro do templo. O garoto espera até seus olhos se acostumarem com o lugar e então vê um homem apoiando as costas numa pilastra com as mãos cruzadas no peito.
- Vento? É você?
- Vento Cinzento ainda não retornou – diz o homem a pilastra.
Torin engole em seco (percebendo que está com sede) enquanto pensa em onde procurar Vento.
Uma mão toca repousa no seu ombro – deveria cuidar melhor das suas costas – Torin olha para trás e lá está Vento.
- Vento? ..... Vento! O garoto abraça o clérigo.
- Por que você me abandonou?
- Eu não te abandonei, eu lhe dei uma escolha. Eu estive atrás de você por todo o caminho. Fico feliz que você tenha conseguido se acalmar e vir para o templo.
- Por que você me abandonou?
Vento ergue uma sobrancelha – não te abandonei, Torin. Percebi apenas que não sei ser o pai que você precisa, ainda estou aprendendo a ser um guerreiro. Sou um clérigo tentando entender o mundo.
- Eu te achei Vento. Não fique tão bravo comigo. Eu vou seguir as suas ordens.
- Quero que você siga minhas ordens entendendo que não estou chateando você, mas quero o seu bem.
- Eu sei, Vento, eu sei. Eu vou tentar, mas não sei se vou conseguir.
Um sorriso aparece no rosto de Vento – Você leva jeito, Torin.
- Desde que percebeu que eu sumi, você não largou suas marretas.
O garoto dá dois passos para trás olhando para as mãos. As marretas estão lá. Suas mãos estão formigando de tanta força com que ele as apertava. Torin percebe que está sorrindo.

Na areia da praça ainda é possível ver as marcas na areia onde um garoto havia deixado suas marretas no chão.

-x-

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