sábado, 25 de outubro de 2014

Substitutos (Surrogates) - História em Quadrinhos


 Life... only better.

Terminei de ler nesta manhã “Substitutos”, de Robert Venditti & Bertt Weldele.
Essa HQ que deu origem ao filme “Substitutos (Surrogates)”, com Bruce Willis. Que por sinal ainda não assisti.
O que posso dizer em relação a esta história? 

É uma interessante ficção científica sobre um futuro no ano de 2.054 (engraçado que junto com essa HQ eu ganhei ontem um livro que se passa em 2.050) onde 92% das pessoas de uma metrópole não saem mais de casa com seus corpos naturais. Elas se conectam a terminais e o que é ativado e sai para trabalhar ou se divertir são robôs com a aparência do proprietário. Ou não.
O que me atrai em ficção científica são as novas tecnologias e o exercício de imaginação de nos mostrar como essas tecnologias alteram as pessoas e a vida em sociedade. E esta história faz isso muito bem.
Mostrando que em vez de um mundo mais igualitário temos uma sociedade que potencializa os estereótipos de poder, como mulheres utilizando Substitutos masculinos para ter cargos mais importantes em algumas empresas.
O lado interessante dessas substituições é de que não existem mais policiais e bombeiros trabalhando “ao vivo”. Todas utilizam Substitutos. E como isso melhorou a qualidade do serviço.
A revista é iniciada mostrando um indivíduo destruindo dois modelos de Substitutos. A partir daí, o mundo novo nos é mostrado pelos olhos do policial que investiga esse crime e suas repercussões conforme a trama se desenvolve.
Algo que me chamou a atenção foram as propagandas e panfletos ao final das edições, ao melhor estilo Watchmen, de Alan Moore. Uma forma de nos dar mais informações desse maravilhoso mundo novo.
 Publicada originalmente pela editora Top Shelf, a edição que li é um encadernado lançado há uns anos pela Devir Livraria. Qualidade ótima do material. Essa deliciosa aventura ainda estava no plástico. Assim foi um prazer a mais abrir a embalagem e sentir o cheiro de revista nova. Obrigado Rodrigo pelo material.

Vida... apenas melhor.
(slogan da empresa que fabrica os Substitutos).

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Puppeteer

Este jogo Puppeteer é mais uma grata surpresa da minha assinatura da PSN Plus.
Desenvolvido pela Japan Studio, conta a  história é de um menino de um mundo mágico que é transformado em fantoche pelo vilão  e tem sua cabeça devorada. Então  deve iniciar uma jornada para recuperar sua cabeça, voltar ao normal e salvar o reino de fantasia.

É um  jogo muito divertido, bonito e colorido. Parece uma peça de teatro. Lembra um quadro do Castelo Rá-Tim-Bum! Ou ainda um show de fantoches. As criatura parecem feitas de papel machê.
A jogabilidade é simples: um botão de pulo, um botão de ação e um botão de trocar cabeças. Sim, o personagem troca de cabeças  e com isso abre algumas salas secretas.
A música toda orquestrada é mais um elemento da narrativa, acompanhando as ações do personagem principal que é mudo, mas isso não é problema visto que os demais personagens falam bastante.
Como por exemplo, a bruxa caricata que fala rimando e gritando, e  seu ajudante puxa-saco e de personalidade ambígua, (ainda não confio nele!).
A arma do personagem é uma tesoura, ideia muito bem sacada dos desenvolvedores, afinal em um mundo de fantoches, pano e papel, a tesoura é uma arma poderosa.
As transições de cenários mantém o clima de peça de teatro, fazendo o controle tremer todo.

Mas não se engane pensando que o jogo é infantil, pois ele tem um jeito de Coraline, de Neil Gaiman. Existem elementos de medo e terror. Mas não é exatamente algo de horror, porque existe muita animação e uma piada em especial com a Disney é impagável.

A dificuldade do jogo está na medida certa. Não é fácil demais que entedie, nem difícil demais a ponto de frustrar o jogador.
E por fim, se você conhece alguém que tem habilidades manuais, esse jogo é um prato cheio, uma fonte de inspiração para pegar tesoura e tecido e sair fazendo suas próprias versões caseiros dos personagens.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

05 de dezembro de 1978.

Havia uma homem. E uma mulher. E eles decidiram ficar junto. Não sei se os dois se amavam ou eram dois solitários cuidando um do outro.
Um dia o homem destruiu algo na fazenda que trabalhava.
O patrão disse que ia descontar uma parte do salário todo mês.
O homem não aceitou.
Ele disse para o patrão descontar todo o salário até pagar a máquina toda.
"Como você vai viver? São três salários seus".
"Isso é problema meu".

E o casal só se alimentou de pinhões que a mulher colhia por três meses.

•••

Um dia a mulher ficou grávida.
Perdeu a criança.
Ficou grávida de novo.
Novamente perdeu a criança.
Pela terceira vez ela engravidou.
E uma menina forte nasceu.

O homem ficou feliz, bebeu quase toda a vendinha.
E ao cartorário surdo de um ouvido deu um nome diferente daquele da folhinha.

•••

A menina teve uma irmã. Cresceram juntas.
Mas um dia um cachorro apareceu babando e foi morder a menina. Sua irmã corajosa entrou na frente.
O cachorro a mordeu. Ela morreu protegendo a menina que nunca a esqueceu.

•••

O homem que não tinha filho ensinou a menina como cuidar dos animais, fazer corda e derrubar árvores. Ele não sabia ler nem escrever, mas administrava a fazenda com um sistema só seu.
Ela não sabia cozinhar ou brincar de boneca.
Sabia quebrar rabo de boi e espantar vaca.
E até usar garrucha para assustar um garoto que quis se aproveitar que o homem não estava.

•••

A menina tinha um amigo de olhos azuis, mas logo ele foi embora com a família.
A menina sabia fazer várias cordas e um dia o homem disse que a ensinaria a fazer a mais difícil.
Mas ele não ensinou.
Ele morreu.
E ela nunca aprendeu.

•••

A menina cuidava da mulher. Cortando eucalipto e os afazeres do homem.
Um dia um machado um pé encontrou e para a cidade o fazendeiro as levou.
Lá ela trabalhou e estudou.
Queria ser advogada e matava aulas para ver filmes do Bruce Lee.
Só há pouco tempo ela me contou.

•••

Muitos anos depois a mulher adoeceu e não saia mais da cama.
A menina, agora adulta reencontrou o amigo de olhos azuis.
Muita coisa aconteceu e ela engravidou.

Disseram para ela tirar a criança.
Para ela dar a criança para alguém cuidar.
"Como vai cuidar de um neném, de uma velha e ainda trabalhar?"
Não houve desejos ou enjôos. Tudo correu bem.
E quando o filho nasceu, a mulher melhorou.

E ajudou a menina a cuidar dele.

Por dois anos, vovó e netinho conviveram.
Ela gostava de alimentá-lo com bolachas molhadas em café com leite.
Um dia a mulher vovó disse a menina adulta "me leve para o hospital".
"Está se sentindo mal?"
"Não, é que vou morrer daqui a dois dias e não quero que o meu netinho veja".
Dali a dois dias apenas mamãe e filhinho.

•••

Logo depois, o garoto trocou a única surra que tomou por longos castigos.
Ela o ensinou a falar direito.
Ela sacrificou muito por ele.

•••

Aos seis, sete anos quando gostava de se esconder pela casa das pessoas com quem morava de favor, ele perdeu a inocência ao descobrir o que a madrinha e a filha pensavam realmente dele.
Aos treze, deixou de achar seu nome feio e se sentiu envergonhado por até então achá-lo.
Aos quinze, ele descobriu como é fácil morrer. E decidiu viver.
Aos dezoito descobriu como é fácil magoar alguém e que a culpa não vai embora.

Nunca pensou que passaria dos vinte e cinco.

Aos vinte e oito decidiu virar adulto, sem deixar de ser criança.
Passou então a cuidar da menina/adulta/mamãe, como ela cuidara dele e da vovó mulher.

Eu sou filho de Ida. Neto de Suzana. Eu sou um Corrêa.

Nós aguentamos bastante. Erramos muito.
Somos apaixonados e furiosos.

Nós somos como aquele velho carro que derrapou na curva e ficou batido e enferrujado durante muito tempo.
Mas numa noite chuvosa, ligamos os faróis e atingimos a estrada e surpreendemos a todos.

Somos intrometidos, orgulhosos e bem-humorados.

E, por algum motivo, as pessoas gostam de nós.

Esse é só um pedaço da história da minha família.

Hoje é meu dia.
Comemorem comigo.
Amigos e Amigas.

Quem me Ama e quem me aguenta.

Há um sorriso azul nos meus olhos verdes.